Sabes como é que na corte de Lisboa já se comiam gelados quando ainda nem se sonhava com a existência de frigoríficos?

A resposta está nos poços dos neveiros. Uma robustas estruturas de pedra, circulares ou octogonais, que permitiam guardar os gelos da serra durante todo o ano. Já só restam três dos sete existentes, mas fica com uma ideia desta proeza incrível que era cortar blocos de gelo, em cargas que rondavam os 1.700 quilos, acondicioná-las em palha e transportá-las até Lisboa num simples carro de bois. Quando te meteres ao caminho, de carro ou a pé, para descobrir esta formações de uma só porta e teto também em pedra, em forma de sino achatado, vais perceber que levar o gelo num carro de bois era obra! Claro que a viagem terminava em Constância. O resto do percurso era feito de barco Tejo abaixo. Mas não retira mérito à proeza.

Estes poços, que mais parecem casinhas de pedra preta, típica da região têm apenas uma porta e sempre virada para nascente para que o sol não entrasse e derretesse a preciosa neve. O “processo de fabrico” era simples. A longo do inverno homens desciam ao fundo dos poços e calcavam a neve com maços de madeira muito pesados e cobriam-na de palha que ajudava a conservar o frio até à altura de cortar os blocos de gelo no verão.

Pelo caminho ainda podes ver a capela de Santo António, classificada como monumento nacional. Mas o mais certo é só veres mesmo por fora, porque está quase sempre fechada. Esta capela foi mandada construir pelo neveiro-mor da Casa Real em 1786 e apesar de ter sido propriedade privada até 1954 agora pertence à Câmara Municipal.

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